Comunicação, existiu, ou nem por isso? A Resposta

 



Como prometido no meu artigo anterior, aqui vos trago mais noções e princípios para completar o puzzle de explicar se a comunicação acontece ou não. No post passado, comecei a explicar a comunicação não verbal, deixei no ar a questão da assertividade e a questão da efetividade. Três assuntos que se relacionam com o ser humano, logo estão ligados entre si.

 

A comunicação não verbal

Explicar as micro expressões e como o cérebro de outro humano as capta é demasiado extenso para aqui, por isso vamos usar um modelo mais simples, Lagostas. Mais de 100 milhões de anos de evolução, um dos crustáceos mais apreciados por nós e alvos de uma interessante experiência. A experiência consistia em administrar serotonina a lagostas no fundo da hierarquia. Depois da administração a sua postura modificava-se, deixavam de ser tão arqueadas e passavam a sinalizar mais garra para lutar por um território melhor em vez de fugir e deixar o seu reduto. Não só isso, mas aquelas que tinham perdido muitas lutas e estavam no fundo do fundo da hierarquia, mostravam mais atividade e fulgor para conquistar o melhor território à medida que iam subindo na hierarquia lagostiniana. (1) 

O que nos interessa desta experiência é estabelecer um paralelismo entre nós e o modo como a comunicação das lagostas mudou depois do tratamento para assim perceber que os 80% da comunicação não verbal vem de quem nós somos ao nível das nossas experiências de vida e ao momento que a nossa nuvem de neurónios está a passar. Estes fatores são transmitidos pelo nosso corpo, através da nossa postura e expressões, que contam a nossa história e o nosso estado de espirito.

A comunicação não verbal é a expressão de quem nós somos, onde estamos e como nos sentimos. Este tipo de comunicação não é de agora, nem exclusivo dos seres humanos e existe por algum motivo.

 O mais importante na comunicação é ouvir o que não foi dito.”

Peter Drucker

 

Assertividade, comunicação e reação

Ser assertivo a todo o tempo é algo complicado para nuvens de neurónios andantes como nós humanos. Mas a assertividade deve estar presente nos nossos princípios, ou melhor, as nossas palavras e os nossos atos devem destoar o menos possível, porque o ambiente social ao nosso redor sinaliza a nossa posição e a nossa comunicação não verbal sinaliza o que somos. Com tanta interação social é impossível fazer-nos passar por assertivos, a nossa consciência e juízo dos nossos pares refletem-se na nossa postura e na disposição que temos, logo na nossa comunicação não verbal. Parece simplista e estou a ser repetitivo, mas pensem bem se não é assim ou porque é que assim é.

   Quem tu és está a falar tão alto que não consigo ouvir o que estás a dizer”

Ralph Waldo Emerson

  

Eficiência vs Efetividade, a ultima ganha aos pontos

Vamos definir efetividade: é a maneira de com o menor esforço conseguir o máximo resultado ou como dita a lei de Pareto: 20% do esforço para 80% dos resultados. Por sua vez, eficiência é a maneira mais rápida de produzir um resultado segundo um método, ou seja 80% do esforço, a seguir um método o mais rápido possível, para produzir 20% dos resultados. Não acreditam? Então expliquem porque é que as pessoas eficientes são sempre os funcionários do ano, mas que ganham quase o mesmo salário que há uma década e aqueles poucos eficazes que são os diretores/CEO´s, por vezes com condutas a pisar o risco da legalidade e moralidade, mas que ganham milhões num ano. É importante distinguir os dois porque ao comunicarmos podemos seguir todas as regras e ter pouco resultado ou com meia dúzia de palavras e criatividade podemos ser muito bem entendidos pelo nosso ouvinte ou público.
Para enfatizar a ideia acima, fica o fato de 90% da comunicação escrita ou falada recorrer a um conjunto de cerca de 500 palavras, na maioria das línguas. Assim, dentro da nossa comunicação não verbal, ou seja, daquilo que somos, temos de ser criativos e flexíveis para escolher muito bem os métodos e princípios que nos levam a uma economia de meios e energia para conseguir o resultado máximo, uma boa comunicação. 
 

Comunicação efetiva é 20% o que sabes e 80% como te sentes acerca do que sabes.”

Jim Rohn


Em suma, a comunicação acontece quando a nossa comunicação não verbal cativa, por algum motivo, a atenção dos outros. Quando somos assertivos temos crédito social e isso reflete-se na nossa confiança e por último quando somos efetivos com os nossos gestos, postura e na escolha das nossas palavras para transmitir uma mensagem.

Uma combinação de três princípios interligados em que o resultado é mais afetado por a nossa essência e a nossa disposição mental no momento da comunicação, do que por aquilo que escrevemos ou ensaiamos. 

Deixo-vos um desafio, principalmente aos mais experientes nos tostmasters, partilhem as vossas experiências de crescimento, os vossos baixos e os momentos de gloria pela superação de um obstáculo ou conquista de um objetivo…  

  

Infografia:

(1)  Peterson, Jordan B.; Mapas do Sentido - A arquitetura da crença; Lua de papel, Lisboa 2019.

(2)  Vilfredo Pareto, sociólogo e economista italiano que estudou os princípios da distribuição da riqueza e da produção agrícola. Estudo mais conhecido como pela análise 80/20.

 

Sérgio Ribeiro

Secretário



 

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